quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pedaços

Aos pedaços. Meus, seus, nossos pedaços. Por mais que eu queira não consigo arrancar você de mim, não consigo arrancar tudo o que ainda está vivo. Tem horas que eu chego a me render, caio na cama, sem nenhuma força, sem resistência física. Olho tudo ao meu redor e nada faz sentido, nada me motiva, nada. Me pego sentimental, chorando facilmente assistindo um programa na tv. Eu não era assim, por favor me devolva. Estou cansada, ja tentei juntar meus pedaços, só os meus. Quero me refazer, me reestabelecer. Sentir o calor do sol em meu corpo, quero ser eu novamente.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Minha vida está um verdadeiro maremoto. Pessoas deixei, algumas das quais sentirei falta, outras não sentirão a minha. Normal, chego a conclusão. Chegar em casa e olhar tudo como eu deixei, tudo no mesmo lugar, ou quase tudo. Limpar tudo, reler bilhetes do passado, sorrir um pouco. Guardar num lugar onde sempre que bater uma saudade eu possa olhar. Sabe aquela sensação de que tudo pode ser reescrito? Tô com ela dentro de mim. Tudo bem que tem horas que bate a preguiça, o desespero, mas logo em seguida vem a vontade de querer algo maior, algo pra mim que ninguém vai tirar. Vou reescrevê-la e o decorrer dela será totalmente novo e surpreendente. Fugi de casa, meio que larguei meus fantasmas lá. Dizem que quando menos a gente espera uma coisa boa ou uma pessoa aparece pra fazer a diferença. No meu caso, a pessoa só se tornou mais evidente e, eu permiti que ela me acolhesse. E deu no que deu, agora quando me distraio me pego pensando nele e logo dou risada sozinha. Eu sou uma boba, sempre que fico assim as coisas não vão pra frente. É incrivel como eu tenho ímã pra essas coisas. Não quero pressa, na verdade não tenho pressa. Quero desfrutar de tudo e de nada ao mesmo tempo, quero que seja bem doce na verdade. ;)

domingo, 27 de junho de 2010

As duas amigas conversavam pelo msn, diálogos simples e conselhos necessários para a situação delicada. Num certo momento da conversa começaram a falar sobre o céu, então uma disse pra outra “Aprendi a apreciar o céu contigo, a propósito a lua está linda esta noite” e a outra correu apressadamente para ir olhá-la, mas não dava pra vê-la dali. Voltou e contou que não tinha conseguido ver a lua e, não demorou muito logo saíram da internet. Mais tarde naquele dia, quando estava indo dormir, a garota lembrou do fato e ficou feliz por saber que mesmo indo embora da cidade uma pessoa aprendeu a admirar a beleza da lua. Os dias pra ir embora estavam contados, mas sabia que quando essa amiga sentisse sua falta ela iria observar a lua e as estrelas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Caio Fernando Abreu

Gente, resolvi não colocar nada meu aqui hoje. Preferi as palavras que eu admiro do Caio e estas estão fazendo parte de mim (demais) nesse momento!

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Bobinho

Pobre palhaço, bobo da corte. Gosta dos que te usam, dos que pisam com força.. dar-te prazer! Aos que tentam se aproximar e te ajudar, tu renegas. Afasta os de boa vontade. Para você só servem os maus, os que te dão prazer e te fazem gozar por achares que és especial para eles. Pobre palhaço bobinho, abre os olhos para o mundo!

sábado, 19 de junho de 2010

Sonhos

Olhar para o relógio nunca foi tão acolhedor. Não posso negar que passei por poucas e boas, umas eu tinha a sensação de que me arrancavam o fígado, outras de que a qualquer momento eu perderia o ar e, em outros poucos momentos como este estive tão feliz. O relógio que antes vivia atrasando e parando minha vida agora passa o tempo muito rápido, e as borboletas dentro da minha barriga me deixam nervosa, eu sei o que me aguarda e ao mesmo tempo não sei. É uma situação engraçada confesso. Nunca vivi nada assim. Estou feliz por voltar pra casa, com as malas nas mãos e o sorriso estampado no rosto, mas bate aquela insegurança de vez enquando. Medo de dar alguma coisa errada. Tantos planos, tantos sonhos, tanta coisa. Ah meu potinho de sonhos e planos foi reaberto, reescrevi uns planos e escrevi novos sonhos. Sou apegada à eles sabe, tenho fé de que um dia eles se realizem. Bem, na verdade um já foi realizado.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ponto final

Andava pelo corredor com uma certa pressa quando lhe seguraram a mão, virou-se para ver quem era.

- O que está acontecendo? - indagou ele.
- Depositei confiança demais em você!
- O que eu fiz de errado?
- Nada, acho que quem errou sempre fui eu - disse ironicamente puxando a mão.
- Para com esses joguinhos, caramba!
- Que jogos? Que eu saiba quem brincou com nossa amizade foi você e não eu cara.
- Você é doida, só pode!
- É, a loucura é uma das máscaras que eu uso assim como você usa a sua de cinismo.
- Eu sou cínico?
- Ah me poupe tá, volta pras suas mentiras e enganações e me esquece!
- Ta querendo dizer especificamente ...?
- Que to colocando um ponto final nessa amizade que só eu me importo, que só eu me dou.. vá abanar o seu rabinho pra outras como tem feito há tempos e esquece que um dia eu falei com você, que fomos amigos.

E foi a última vez que se falaram e que se viram.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Deitados pelo chão da faculdade, assim que eles se encontravam. Aproximadamente meio da tarde, as palavras fluíam com facilidade quando eles estavam juntos. Para alguns que passavam, eles pareciam ser algo mais que amigos e para outros eram mais dois desocupados da faculdade. Os minutos passavam rapidamente, mas tempo não era o que faltava pra eles, as confissões, as piadinhas, os medos e os receios dominavam o tempo. Atrás deles o céu começava a ficar multicolorido, a cantoria dos passarinhos se fazia presente vez ou outra e a grama sendo molhada. Nada disso foi percebido por eles, a empolgação era perfeitamente notável da parte dela, contava seus melhores momentos, melhores lembranças enquanto ele parecia escutar atento ou não tão atento assim. Ela percebeu a desatenção dele e ficou triste, mas preferiu não demonstrar, toda vez aquilo acontecia um total descaso da parte dele. Às vezes ela achava que ele não se importava, ele parecia autista, habitando e fantasiando no seu próprio mundinho obscuro. Sempre existia um impasse. Ela desconversou e ficou quieta, preferiu o silêncio e, resolveu observar o céu que estava ali em sua frente. Perdeu-se nos pensamentos, nos planos secretos e nos xingamentos, levantou dizendo que iria embora e ele rapidamente ficou de pé e segurou sua mão. Olhou-a de um jeito diferente, deu-lhe um abraço apertado e disse em seu ouvido:
-Gosto da gente assim!
Ela se despediu beijando-o no rosto e foi andando pensando naquelas palavras enquanto ele permanecia absorto em pensamentos que a envolviam, pensamentos que estavam lhe tirando o sono. Sentiria falta de tudo quando ela partisse, ele sabia.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

E tudo mudou

Falar contigo já não é a mesma coisa. Aquele brilho que havia em teus olhos agora é opaco, sem um pingo se quer de emoção. O teu sorriso metálico que antes vivia sorrindo para todos agora vive escondido. As tuas mãos que antes viviam agarrando tudo ao teu redor agora vivem paradas. O teu cheiro que antes me embriagava agora me dá náuseas. Olhar-te de perto ou de longe? Mais adequado de longe, dá pra analisar-te melhor. Todo o encanto que tinha por ti agora é algo que não sei descrever ou talvez saiba. Procuro um pedaço teu em mim, alguma marca e não tenho nenhuma. Acredito que o encanto foi temporário, acontece dessas coisas. Queria ao menos guardar algo bom de ti, mas não tenho o que guardar. A minha “doença” de você foi curada. Tenho um novo olhar penetrante, um sorriso belo, mãos delicadas e preocupadas comigo e um cheiro mais doce. A emoção é mais forte, mais intensa porque é recíproco e com você nunca foi, sempre fui mais um boneco em suas mãos. Tu achavas que me terias sempre, mas esqueceu que as pessoas só se sentem bem quando são tratadas bem, nunca me deu valor, pequena grande tola. E hoje que sabes que me perdeu vive assim vegetando pelos cantos, mais pálida do que nunca e frágil. Devias aprender a ser mais humana, sentir mais, se permitir mais, ser feliz..cuidado com a solidão ela é dolorosa mas acomoda fácil.

domingo, 13 de junho de 2010

Amazing

Batidas da percussão, batidas do meu coração. O arrepio foi inevitável, a sensação de liberdade real e a felicidade ontem me preencheram de uma forma absurda. Cantamos, rimos, pulamos, gritamos e até brindamos ao amor! Cada música que invadia meus ouvidos tomou conta do meu corpo e só eu sei o que se passou dentro de mim, foi inexplicável. O vento que antes trazia o frio, trouxe a sensação de frescor depois e foi assim a madrugada toda até o show acabar. A eletricidade foi tanta que decidi esperar o dia raiar, as músicas da festa ecoavam em minha cabeça e as cantei ensandecidamente por horas. O dia nasceu, depois de chegar em casa dormir e acordar ainda sinto as batidas das músicas percorrendo todo meu corpo.

sábado, 12 de junho de 2010

Partida

Sabe, passei longos dias fugindo de casa e indo me distrair numa estação antiga. Nunca levei ninguém, era o meu lugar, tipo um esconderijo perfeito. Todos os dias no fim da tarde eu corria pra lá e passava horas e horas olhando tudo à minha volta. As flores na primavera eram tão mais bonitas, tão mais coloridas, o cheiro era muito bom e o clima bem quente. Sempre ia acompanhada do meu mp4, escolhia as músicas mais bonitas e apropriadas para o momento e, subia nos trilhos ora andando distraida ora dançando sozinha e vendo os por dos sóis tentando esquecer meus problemas. Agora o inverno chegou, um frio estúpido, mas mesmo assim continuo indo todos os dias só que não penso mais nos meus problemas. Sabe a sensação de que algo bom vais acontecer, ou que está começando a acontecer? Pois é, venho com essa sensação dentro de mim já tem uns dias e me sinto imensamente feliz e completa. Sabe, minhas malas já estão prontas e eu estou a esperar pacientemente pelo trem, e soube que ele me levará ao meu destino. Bom, quando você estiver lendo esta mini-carta é sinal de que parti, fui atrás da minha felicidade, e desculpa a falta de coragem mas é que eu não gosto de despedidas.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Pedir pro amor chegar e,
Quando ele chegar pedir pra ele voltar.
Por que tanta indecisão, agir com o coração ou razão?
Não agir, não pedir..
Apenas deixar vir e fluir!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Devorar-te

Cada pedaço que roubaste de mim, me faz falta, devolva-me por favor inteiro.
Estou cansada de ser sempre a fera ferida, hoje acordei querendo ser a caçadora, farejar e caçar você, a minha presa.
Afugentar, atormentar, amedrontar.
Quero ser o coiote enquanto você é o pobre e indefeso coelhinho, quero brincar, tirar pedaço.
Hoje eu quero ser apenas a caçadora sem alma, sem coração, confesso que já perdi toda a minha razão.
Garfo e faca nas mãos ou simplesmente garras e dentes afiados para devorar-te.
Corra pra brincadeira ser interessante.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Usurpador

Caras de dor, tristeza. Sorri para todos uma felicidade esplêndida. Faz show de infelicidade e goza por dentro quando tem atenção. Pobre rapaz... acha que engana tristeza e, pensa ser um ótimo ator para felicidade. Mal sabe que ele não se livrará disso. Começou com uma brincadeira para chamar atenção de todos  e morrerá sozinho por todos não acreditarem mais nas tuas “dores”. Sorrio e não sinto vontade de te ajudar. É bom daqui ver que você é tolo. Está sozinho, implorando ajuda por dentro e mandando beijinhos ao seu redor. Tenho pena dos que se emocionam com você, pobres coitados. Mal sabem o que você é de verdade, como você é quando está nu. Se horrorizariam se te vissem sem máscaras. Pobre diabo, não te culpo por seres assim, fizeste escolhas e terás que agüentá-las. E assim você vai vivendo, usurpando as alegrias e felicidades para depois então jogá-las para o lado, e sair em busca de novas boas almas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Todos os dias pego a velha bicicleta, paro no meio do caminho pra comprar um chocolate quente e um croissant, meu delicioso café da manhã, e sigo caminho pra faculdade. Sento na escada toda encolhida e como tranquilamente enquanto meus irritantes amigos não chegam. Nossa rotina é essa, esperam eu tomar meu café e depois vamos pro nosso cantinho. O Pablo toca seu violão e nós as garotas cantamos. Somos muito mais que um trio, três grandes amigos, quase irmãos. Só que hoje eu acordei, peguei a bicicleta fui até a padaria e pedi o café da manhã. Tomei o caminho contrário ao da faculdade, coloquei os fones nos ouvidos e sai pedalando calmamente. Observei cada detalhe das ruas, das pessoas, das casas, enfim de tudo. Passei por um caminho de árvores e a tranqüilidade fazia parte do cenário. Ouvi e vi os passarinhos lá em cima voando despreocupados. Do lado desse arvoredo o rio me seguia numa limpidez magnífica. Freei e desci da bicicleta, queria andar e assim fui. Cheguei numa estradinha, desci e deitei a bicicleta no chão e em seguida me sentei na grama. O ar ali era tão mais puro e a vista uma das melhores, o momento foi atrapalhado pelo meu celular vibrando no meu bolso. Tirei um dos fones, olhei no visor e dei risada imaginando a bronca, era a Camila. “Bom dia amorzinho”, eu disse rindo. “Bom dia amorzinho uma pitomba, não veio por que?”, pude ouvir o Pablo soltando uma risada e respondi: “Resolvi relaxar hoje, estou no rio apreciando a paisagem”. Ela falou tudo muito rápido, só entendi que chegaria no rio em cinco minutos, balancei a cabeça e joguei o celular na bolsa. Coloquei o fone de volta e peguei a câmera na bolsa, observei tudo a minha volta e logo à minha frente tinha uma menininha e um menininho. Poderiam ser só mais duas crianças, mas a cena era tão fofa, ele arrancou uma florzinha amarela e estendeu pra ela, e eu logo capturei a cena. Fiquei tirando várias fotos, posso dizer que me agrada imensamente tirar fotos espontâneas de estranhos. Desliguei a câmera e lembrei do chocolate que naquele instante já não estava mais quente, peguei e tomei distraidamente. Quando terminei o chocolate ouvi o potente ronco da moto do Pablo e virei pra vê-lo, não era ele pra minha surpresa, devia ter confundido então voltei a olhar as flores que tinha ali por perto e fui tirando mais fotos. Senti duas mãos pequenas nos meus olhos e sorri, era a Camila sem dúvida. “Camila” e logo ela resmungou qualquer coisa e sentou do meu lado e o Pablo logo se juntou à nós duas, é o Pablo. Devia estar ficando louca. Não demorou muito e começamos a conversar sobre banalidades, e vez ou outra o Pablo tirava uma com a minha cara e eu com a dele. O clima entre nós era terrivelmente bom! A Camila roubou o croissant num vacilo meu, e a sorte dela é que eu estava sem fome então voltei a tirar fotos. O casal era o meu preferido, no momento ele tocava uma música olhando pra ela com um sorriso de orelha a orelha e ela, sem comentários. A música terminou e eu bati palmas pedindo beijo, e como um milagre eles se beijaram fofamente, era mais uma foto. O beijo demorou e eu como sou muito amiga me joguei no meio pedindo beijo também, ganhei um empurrão acredita? Pois é, na hora nem eu acreditei. Ficamos parecendo adolescentes na grama, a câmera passou na mão de todo mundo, fizemos poses e tudo que tinha direito. Os dias são assim sempre, somos aprendizes de vagabundos. Estávamos um deitado na barriga do outro, e o silêncio reinou por uns minutos, era estranho aquele silêncio e logo a Camila quebrou-o perguntando se o dia era bom pra surpresas e eu disse que talvez fosse, me perguntei que pergunta era aquela e logo mudou-se o assunto. A manhã passou num piscar de olhos e logo fomos embora, colocaram minha bicicleta em cima do carro e eu procurei a moto, mas não estava mais ali. Era uma alucinação só podia! Perguntei ao Pablo e ele disse que a moto estava em casa, fomos cantando musicas extremamente velhas e engraçadas, confesso que o dia foi um dos melhores. Chegamos e disseram que eu podia ir entrando então entrei distraída só pra variar, passei cantarolando pela sala e jurei que vi um vulto, voltei os passos e ele estava ali de costas pra mim, olhando o jardim dos fundos, fiquei muda. “Não vai me dar um abraço, Bê?” disse ele ao se virar pra mim, juro que poderia morrer naquele instante. Eu estava completamente muda e sem reação. Ele se aproximou me encarando daquele jeito horrível que me deixava mais vermelha que uma maçã e me abraçou forte. Sussurrou em meu ouvido que estava com saudades e a única coisa que saiu de mim foram lágrimas, me agarrei a ele na tentativa dele ser real e era. Segurei seu rosto e ele me beijou, pude ouvir o barulho da câmera e sorri, e logo em seguida os dois falaram ao mesmo tempo “surpresa” só que eu não desgrudei os olhos dele, eu não conseguia. Beijos e mais beijos, eu estava com um sorriso enorme no rosto e ouvi um latido, seguido de outro e mais outro. Abri os olhos e era a Pandora me lambendo, olhei em volta e eu estava dentro do meu quarto, dei risada não acreditando que tudo tinha sido um sonho, levantei da cama, fui me arrumar e vim pra cá. “Olha pra trás” foi só o que a Camila me disse, me virei e lá vinha você e o Pablo. “Sonho ou realidade?” ele perguntou, e eu respondi: “Você”.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Doce vinho

Acordei com os raios do sol batendo em meu rosto, inevitável não levantar a mão na direção dos olhos. Uma musica tocava em outro cômodo da casa. Chance de ter alguém em casa além de mim era quase nula, eu disse quase. Sentei na cama e a dor de cabeça me deixou um pouco tonta.  O que havia se passado na noite anterior? Não me lembrava de absolutamente nada. Com muito custo levantei e me pus a andar, andei pela casa toda até chegar na sala. Desliguei o som e pude ver  meu querido amigo ali adormecido no sofá, todo torto, arrancou-me um sorriso. Agora flashes resolviam criar vida. Vi as taças com resquícios do vinho, ali estava o motivo da minha dor de cabeça. Lembro de estar bebendo sozinha, apenas como mais um hobby de tantos que eu tenho, quando percebi uma garrafa de vinho havia terminado, flashes do Bruno chegando desesperado. Apenas isso e nada mais. Admirando ele ali no sofá, resolvi me aproximar sorrateiramente e acabei sentando no chão de frente pra ele. Cara admirável, o único amigo que eu tinha, digo de verdade. Com meus dedos fiz o caminho do seu rosto, bem superficialmente pra não acordá-lo, deitei minha cabeça na ponta que ainda sobrava do sofá e fechei os olhos. Subi para uma das pequenas orelhas dele, sempre o zombava, e logo estava me perdendo naquele cabelo sedoso e macio que só ele tinha. Nem preciso falar, quer dizer preciso, perdi a noção do tempo, fiquei fazendo carinho ali por mais ou menos uma hora e meia e não cansei. O vento que entrava na sala me refrescava sem dúvida. Tive a sensação de ter alguém me olhando, abri os olhos devagar e era ele me observando do jeito que só ele sabia, me deixava super sem graça. Sorriu pra mim e soltou um “bom dia” bem rouco, apertei a orelha dele e respondi na mesma intensidade do sorriso o bom dia. Ficamos em silêncio por uns três minutos, até que minha barriga roncou absurdamente alto, foi inevitável não rir daquilo. Levantei do chão e o puxei pela mão para a cozinha, precisávamos de comida urgente. Ligada a cafeteira, procurei algo que parasse com aqueles roncos horrorosos que minha barriga insistia em soltar. Com o café e tudo o que servia para reduzir a nossa fome prontos, fomos comer. Ele parecia morto de fome, e olha que não ouvi um ronco daquela barriga, brinquei dizendo que eram duas pessoas pra comer e não só ele, consegui uma careta com a língua pra fora. Bobos! Resolvi perguntar como ele havia aparecido lá em casa, e tudo o que me disse era que eu tinha ligado aos prantos pedindo por ele e que ele havia corrido pra cá. Disse que não me lembrava de nada e que ele estava tirando proveito, ganhei um sorriso irônico dele, resolvi parar com a zombaria. Continuei comendo quieta, me controlando para não falar mais besteiras e foi a vez dele falar me encarando “devias parar com o vinho”, acredito que fiquei com cara de que não estava entendendo nada e ele começou a rir muito. Eu estava ruborizada! Levantei e bati na cabeça dele com um pouco de força e disse “o que quer que eu tenha feito você gostou” e finalmente sorri junto com ele. Voltei pro quarto e me joguei na cama, ele estava vindo logo atrás só sabia por causa do perfume dele, quase não fazia barulho quando andava. Quando virei para olhá-lo, ele já estava deitado ao meu lado me abraçando. Ele sem dúvida era a melhor coisa que eu tinha. Sempre suspeitaram sobre nós dois, e dávamos motivos, era interessante ver todos ao nosso redor especulando se era apenas amizade ou se tínhamos um caso. Não faz parte contar se temos algo, cabe a você ser mais um a especular.

Calmaria

Pés descalços, sandália na mão pisando na areia fofa, sentindo as pequeninas ondas baterem em meus pés. Qual devia ser a sensação além de liberdade? Deixei-me molhar os pés por mais algum tempo e sentei na areia onde a água não bateria. Era a única ali, estava sozinha, mas era impossível sentir-se só com aquela imensidão azul ali no horizonte e com o céu em sua majestosa cor alaranjada.  Pássaros viajantes voavam num a elegância por aquele céu, poderia dizer que eles estariam apreciando aquele instante como eu ou estavam acostumados com a cena? Não sei dizer. Deitei na areia e me deixei levar pelo fim da tarde. A brisa vinha apenas para refrescar e o barulho constante das ondas vinham para me acalmar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Orgulho

Tomei o elevador e subi até o teu andar. Não sabia se estava em casa. A chave da porta na mão e a outra muito próxima à campainha. Recuei tentando voltar a sanidade e avancei querendo te ver. Ali no corredor podia sentir seu cheiro, inconfundível. Resolvi correr para o elevador, sai do prédio e do outro lado da rua olhei para sua janela. Tinha que superar, era necessário, mais saudável. Sem dúvida era uma mistura de mágoa, raiva e saudade, ao mesmo tempo que queria gritar até perder a voz eu queria te dar um abraço como aqueles que a gente dava. É difícil assumir, mas o que ficou em foi um enorme e profundo buraco, eu sinto tanto a sua falta e nem sei se o mesmo acontece contigo. Estava paralisada ali havia horas, esperando um sinal de vida seu, por pouco quase te perdi de vista. Estavas tão ou mais elegante que o de costume, a barba estava maior e a dor era visível em teu rosto, confesso que doeu-me esta cena, sabia que você faria de tudo para disfarçar esse sofrimento. A arte de enganar nossos amigos estava funcionando, mas não poderia me enganar não sabendo que te observava de longe. Sem dúvida éramos muito orgulhosos, nosso maior defeito. Você entrou no carro e partiu e, eu fui andando meio que sem rumo, fora do tempo. Não sabes mas todas as noites são angustiantes, o telefone ali mudo, quieto e eu ansiosamente esperando ouvir sua voz, mesmo sabendo que jamais irei ouvir. Pego no telefone e disco teu número e na primeira chamada desligo por não saber o que falar, desisto por pensar que não vá querer falar comigo. Num breu olho pro teto e me vem a música “É mágoa” da Ana Carolina na cabeça, ela me descreve perfeitamente, o que eu to sentindo, minhas vontades nesse momento e o final me toca: “Água de torneira não volta e eu vou embora, adeus!!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Balões

Balões, de todos os tamanhos e cores. Vontade mesmo não era só de estar ali embaixo daquele céu de balões, era estar lá em cima apreciando a paisagem, o belo horizonte com aquelas montanhas verdes gigantescas, quer dizer bem pequeninas lá de cima e me vidrar no mais lindo, intenso e colorido por do sol. Mas estava sentada debaixo de uma árvore que proporcionava uma boa sombra, ouvindo uma musica calma, e vendo aqueles quinze ou vinte balões ganharem o céu acima de nós. Se eu pudesse escolher um momento escolheria este, todos os hobby’s juntos, era quase impossível conseguir uma cena dessa assim naquela cidade transtornada em que eu moro. A fuga para a fazenda era especial por isso, saber que lá não haveria incomodo algum, nem pelos barulhos ensurdecedores das longas avenidas e nem por pessoas escandalosas que estavam presentes no meu dia a dia. Sentia-me realizada em partes, alguma coisa dentro de mim me dizia que eu ainda teria o meu próprio balão e faria a minha melhor rota e teria os melhores ângulos de tudo. Ah, era bom sonhar. Mas como dizia a minha amável mãe, se quer algo corra, lute e terás. Lutarei sim. E o céu logo escureceu, abandonei o sol e abracei as estrelas minúsculas e a bela lua cheia que surgia esplêndida. Pequenas coisas, grandes sentimentos, desejos gostosos, é essa a minha vida.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Equilíbrio

Quando deitei na cama, podia sentir meu sangue correr em minhas veias, eu estava fria por fora e o sangue que percorria todo o meu corpo estava quente, era quente. Eu olhava o relógio acompanhando o ponteiro dos segundos, era rápido, mas o meu tempo não parecia acompanhar o tempo do relógio, meu tempo havia parado. Fechei os olhos e várias imagens, momentos e emoções vieram à tona, algumas coisas das quais eu tinha medo, receio estavam tão normais. Não me assustava mais. Fiquei por horas pensando várias coisas ao mesmo tempo, nada certo, coisas do passado, presente e futuro. Logo descartei os pensamentos futuros, nunca tive sorte ao imaginar coisas futuras, nunca deu certo. Agora meus pensamentos eram bem leves, me sentia em plena paz, uma paz profunda. Só ali percebi que eu queria morrer, estava cansada da minha vida monótona. Acho que todos os comprimidos do frasco que eu tomei, faziam efeito naquele momento. O meu sangue que antes pulsava, corria em minhas veias agora passava lentamente. Eu podia sentir o frio vindo, era bom, na verdade muito confortante eu finalmente estava conseguindo o meu tão esperado equilíbrio. Meus olhos fecharam-se lentamente e a respiração foi ficando difícil, os comprimidos haviam feito a parte deles, a morte estava ali a um passo de mim.