quinta-feira, 3 de junho de 2010

Orgulho

Tomei o elevador e subi até o teu andar. Não sabia se estava em casa. A chave da porta na mão e a outra muito próxima à campainha. Recuei tentando voltar a sanidade e avancei querendo te ver. Ali no corredor podia sentir seu cheiro, inconfundível. Resolvi correr para o elevador, sai do prédio e do outro lado da rua olhei para sua janela. Tinha que superar, era necessário, mais saudável. Sem dúvida era uma mistura de mágoa, raiva e saudade, ao mesmo tempo que queria gritar até perder a voz eu queria te dar um abraço como aqueles que a gente dava. É difícil assumir, mas o que ficou em foi um enorme e profundo buraco, eu sinto tanto a sua falta e nem sei se o mesmo acontece contigo. Estava paralisada ali havia horas, esperando um sinal de vida seu, por pouco quase te perdi de vista. Estavas tão ou mais elegante que o de costume, a barba estava maior e a dor era visível em teu rosto, confesso que doeu-me esta cena, sabia que você faria de tudo para disfarçar esse sofrimento. A arte de enganar nossos amigos estava funcionando, mas não poderia me enganar não sabendo que te observava de longe. Sem dúvida éramos muito orgulhosos, nosso maior defeito. Você entrou no carro e partiu e, eu fui andando meio que sem rumo, fora do tempo. Não sabes mas todas as noites são angustiantes, o telefone ali mudo, quieto e eu ansiosamente esperando ouvir sua voz, mesmo sabendo que jamais irei ouvir. Pego no telefone e disco teu número e na primeira chamada desligo por não saber o que falar, desisto por pensar que não vá querer falar comigo. Num breu olho pro teto e me vem a música “É mágoa” da Ana Carolina na cabeça, ela me descreve perfeitamente, o que eu to sentindo, minhas vontades nesse momento e o final me toca: “Água de torneira não volta e eu vou embora, adeus!!

Um comentário:

  1. Angustiantes essas situações... coisas que não acontecem... telefones que não tocam... palavras que não são ditas...
    bom texto

    xero

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