segunda-feira, 7 de junho de 2010

Todos os dias pego a velha bicicleta, paro no meio do caminho pra comprar um chocolate quente e um croissant, meu delicioso café da manhã, e sigo caminho pra faculdade. Sento na escada toda encolhida e como tranquilamente enquanto meus irritantes amigos não chegam. Nossa rotina é essa, esperam eu tomar meu café e depois vamos pro nosso cantinho. O Pablo toca seu violão e nós as garotas cantamos. Somos muito mais que um trio, três grandes amigos, quase irmãos. Só que hoje eu acordei, peguei a bicicleta fui até a padaria e pedi o café da manhã. Tomei o caminho contrário ao da faculdade, coloquei os fones nos ouvidos e sai pedalando calmamente. Observei cada detalhe das ruas, das pessoas, das casas, enfim de tudo. Passei por um caminho de árvores e a tranqüilidade fazia parte do cenário. Ouvi e vi os passarinhos lá em cima voando despreocupados. Do lado desse arvoredo o rio me seguia numa limpidez magnífica. Freei e desci da bicicleta, queria andar e assim fui. Cheguei numa estradinha, desci e deitei a bicicleta no chão e em seguida me sentei na grama. O ar ali era tão mais puro e a vista uma das melhores, o momento foi atrapalhado pelo meu celular vibrando no meu bolso. Tirei um dos fones, olhei no visor e dei risada imaginando a bronca, era a Camila. “Bom dia amorzinho”, eu disse rindo. “Bom dia amorzinho uma pitomba, não veio por que?”, pude ouvir o Pablo soltando uma risada e respondi: “Resolvi relaxar hoje, estou no rio apreciando a paisagem”. Ela falou tudo muito rápido, só entendi que chegaria no rio em cinco minutos, balancei a cabeça e joguei o celular na bolsa. Coloquei o fone de volta e peguei a câmera na bolsa, observei tudo a minha volta e logo à minha frente tinha uma menininha e um menininho. Poderiam ser só mais duas crianças, mas a cena era tão fofa, ele arrancou uma florzinha amarela e estendeu pra ela, e eu logo capturei a cena. Fiquei tirando várias fotos, posso dizer que me agrada imensamente tirar fotos espontâneas de estranhos. Desliguei a câmera e lembrei do chocolate que naquele instante já não estava mais quente, peguei e tomei distraidamente. Quando terminei o chocolate ouvi o potente ronco da moto do Pablo e virei pra vê-lo, não era ele pra minha surpresa, devia ter confundido então voltei a olhar as flores que tinha ali por perto e fui tirando mais fotos. Senti duas mãos pequenas nos meus olhos e sorri, era a Camila sem dúvida. “Camila” e logo ela resmungou qualquer coisa e sentou do meu lado e o Pablo logo se juntou à nós duas, é o Pablo. Devia estar ficando louca. Não demorou muito e começamos a conversar sobre banalidades, e vez ou outra o Pablo tirava uma com a minha cara e eu com a dele. O clima entre nós era terrivelmente bom! A Camila roubou o croissant num vacilo meu, e a sorte dela é que eu estava sem fome então voltei a tirar fotos. O casal era o meu preferido, no momento ele tocava uma música olhando pra ela com um sorriso de orelha a orelha e ela, sem comentários. A música terminou e eu bati palmas pedindo beijo, e como um milagre eles se beijaram fofamente, era mais uma foto. O beijo demorou e eu como sou muito amiga me joguei no meio pedindo beijo também, ganhei um empurrão acredita? Pois é, na hora nem eu acreditei. Ficamos parecendo adolescentes na grama, a câmera passou na mão de todo mundo, fizemos poses e tudo que tinha direito. Os dias são assim sempre, somos aprendizes de vagabundos. Estávamos um deitado na barriga do outro, e o silêncio reinou por uns minutos, era estranho aquele silêncio e logo a Camila quebrou-o perguntando se o dia era bom pra surpresas e eu disse que talvez fosse, me perguntei que pergunta era aquela e logo mudou-se o assunto. A manhã passou num piscar de olhos e logo fomos embora, colocaram minha bicicleta em cima do carro e eu procurei a moto, mas não estava mais ali. Era uma alucinação só podia! Perguntei ao Pablo e ele disse que a moto estava em casa, fomos cantando musicas extremamente velhas e engraçadas, confesso que o dia foi um dos melhores. Chegamos e disseram que eu podia ir entrando então entrei distraída só pra variar, passei cantarolando pela sala e jurei que vi um vulto, voltei os passos e ele estava ali de costas pra mim, olhando o jardim dos fundos, fiquei muda. “Não vai me dar um abraço, Bê?” disse ele ao se virar pra mim, juro que poderia morrer naquele instante. Eu estava completamente muda e sem reação. Ele se aproximou me encarando daquele jeito horrível que me deixava mais vermelha que uma maçã e me abraçou forte. Sussurrou em meu ouvido que estava com saudades e a única coisa que saiu de mim foram lágrimas, me agarrei a ele na tentativa dele ser real e era. Segurei seu rosto e ele me beijou, pude ouvir o barulho da câmera e sorri, e logo em seguida os dois falaram ao mesmo tempo “surpresa” só que eu não desgrudei os olhos dele, eu não conseguia. Beijos e mais beijos, eu estava com um sorriso enorme no rosto e ouvi um latido, seguido de outro e mais outro. Abri os olhos e era a Pandora me lambendo, olhei em volta e eu estava dentro do meu quarto, dei risada não acreditando que tudo tinha sido um sonho, levantei da cama, fui me arrumar e vim pra cá. “Olha pra trás” foi só o que a Camila me disse, me virei e lá vinha você e o Pablo. “Sonho ou realidade?” ele perguntou, e eu respondi: “Você”.

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