Debaixo de uma árvore, em cima de uma toalha xadrez havia uma mulher com uma pequena criança, confesso que me causou uma inquietação aquele brilho nos olhos dela e aquela risada gostosa que ele dava. Não é inveja, não queria estar no lugar dela e nem ser o bebê da risada gostosa, só queria desfrutar de algo naquela intensidade. Volto a fechar os olhos e tento respirar pausadamente, até consigo por poucos minutos, um, dois talvez e meus olhos se abrem novamente e percorrem a paisagem à minha frente.
Agora observo um lindo preto-azulado beija flor sugando o néctar das flores, e me falta a sensibilidade, o cuidado, o carinho que ele a trata, a liberdade que ele tem; oh que inveja de poder viajar e me aventurar sem ter que dar explicação a alguém. O vento soprou mais forte, me arrepiei e suspirei pesadamente, o beija flor saiu bailando pelo céu. O céu que eu havia evitado olhar durante todo o dia, estava digno de admiração, toda minha confusão, todos os meus monstros haviam sido espantados por aquela visão.
Não contei mas se tem algo que me acalma é o crepúsculo, viajo com todas aquelas cores, o vento sopra cada vez mais forte e fecho meus olhos mais uma vez e o sentimento de vazio que habitava em mim agora dava lugar a uma calmaria, uma tímida sensação de felicidade. O sol havia ido embora e pequenas gotas de chuva caiam em mim, eu poderia ter corrido para não me molhar, mas estava presa ali, a tímida sensação não tinha nada de tímida agora.
Ela estava em cada parte do meu corpo, a felicidade não se procura, se sente, tem que deixar ela fazer o papel dela. E meus olhos que se protegiam das gotas, piscando, davam passagem às lágrimas que estavam ali a tempos, chorei não pela solidão da tristeza e sim pela alegria que me preenchia.
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