quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sentir, apenas isso

Procuro a todo momento uma pepita de felicidade, tem horas que chego a pensar que já a encontrei, mas em outras vem aquele vazio, aquela sensação de talvez uma falta eterna. Me vejo sentada num banco de um jardim florido, olhando as pessoas ao redor, sentindo o vento bater em meu rosto, passo uma mão na outra e fecho os olhos querendo sentir algo bom. Mas meus olhos teimam e se abrem, é tudo por causa do medo, medo da infelicidade, volto a observar todos no jardim.

Debaixo de uma árvore, em cima de uma toalha xadrez havia uma mulher com uma pequena criança, confesso que me causou uma inquietação aquele brilho nos olhos dela e aquela risada gostosa que ele dava. Não é inveja, não queria estar no lugar dela e nem ser o bebê da risada gostosa, só queria desfrutar de algo naquela intensidade. Volto a fechar os olhos e tento respirar pausadamente, até consigo por poucos minutos, um, dois talvez e meus olhos se abrem novamente e percorrem a paisagem à minha frente.

Agora observo um lindo preto-azulado beija flor sugando o néctar das flores, e me falta a sensibilidade, o cuidado, o carinho que ele a trata, a liberdade que ele tem; oh que inveja de poder viajar e me aventurar sem ter que dar explicação a alguém. O vento soprou mais forte, me arrepiei e suspirei pesadamente, o beija flor saiu bailando pelo céu. O céu que eu havia evitado olhar durante todo o dia, estava digno de admiração, toda minha confusão, todos os meus monstros haviam sido espantados por aquela visão.

Não contei mas se tem algo que me acalma é o crepúsculo, viajo com todas aquelas cores, o vento sopra cada vez mais forte e fecho meus olhos mais uma vez e o sentimento de vazio que habitava em mim agora dava lugar a uma calmaria, uma tímida sensação de felicidade. O sol havia ido embora e pequenas gotas de chuva caiam em mim, eu poderia ter corrido para não me molhar, mas estava presa ali, a tímida sensação não tinha nada de tímida agora.

Ela estava em cada parte do meu corpo, a felicidade não se procura, se sente, tem que deixar ela fazer o papel dela. E meus olhos que se protegiam das gotas, piscando, davam passagem às lágrimas que estavam ali a tempos, chorei não pela solidão da tristeza e sim pela alegria que me preenchia.

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