sábado, 29 de maio de 2010

Loucura

Parada em frente a janela olhando a chuva cair. O céu estava multicolorido, lá fora os carros passavam com muita pressa e ninguém parecia notar aquele momento. Peguei a xícara com o café, sorvendo- o aos poucos. O jazz fazia a trilha sonora daquele dia, o frio invadiu toda a casa e me arrepiou o corpo, voltei ao café e me aqueci por mais uns minutos. A chuva continuava, o movimento dos carros era agora quase inexistente. O céu rosado começava a ficar roxo, apostaria que logo raios apareceriam e me encantariam ainda mais. Força e sutileza. O tempo realmente fechou e os raios apareceram invadindo e clareando todo o céu, o jazz era quase um sussurro de tão baixo pela sala. Aquele encanto não foi suficiente para me deixar menos ansiosa, eu precisava de um cigarro pra me acalmar. Meus olhos percorreram toda a sala e os encontrou junto aos vinis da estante, fui buscá-los e traguei sem pressa aquele cigarro. Voltei à janela, empurrei abrindo-a e pude sentir o vento em meu rosto. Traguei mais uma vez e soltei a fumaça lentamente, fazia tempo que aquela situação não acontecia, a ultima chuva que admirei assim tinha ele do meu lado, era aquecida não pelo café mas pelo corpo dele, ótima noite! Mais umas duas ou três tragadas e apaguei o cigarro, eu devia estar ficando louca mas mesmo assim deixei-me levar pelo desejo. Andei até a varanda e pude sentir a chuva batendo em mim, me molhando em meio aos raios e trovões. Que sensação de liberdade! Que vista estupenda eu tinha, pontos luminosos ao longe, acima trovões raivosos gritando e raios intensos. Sai dos meus devaneios com aquela voz, sai mesmo ou era mais um devaneio? Procurei tentando encontrar a direção da voz, e ele estava ali todo ensopado, como eu, sorrindo. Surreal, essa era a palavra adequada. Devia estar bem longe, o que havia perdido ali na minha rua olhando na minha direção e ainda mais sorrindo debilmente? Escolhas haviam sidos feitas, feridas abertas e quando começavam a cicatrizar ele voltava? Imbecil. Todos dois, imbecis. Mandá-lo ir embora ou pedir pra que subisse? Inferno, confusão, dores, choros, sorrisos, amor, paraíso. Era assim, do inferno ao paraíso e de volta ao inferno. Suba!

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Gostei da ênfase dada ao céu, ao café e ao Jazz. ^^

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